Nomofobia: O vício pelo celular*
"A nossa sociedade está sempre em constantes transformações tecnológicas,
as quais é imperativo nos adaptarmos de maneira positiva a estas
continuas mudanças. Quando esta adaptação acontece de maneira precária,
inadequada ou ineficiente, surgem nos indivíduos diversos problemas de
ordem física, emocional, comportamental e psicossocial. Com a internet
não é diferente.
Quando o uso de ferramentas tecnológicas como tablet ou smartphones se
tornam um vicio ou uma dependência, prejudicando a realização das
atividades cotidianas da pessoa, interferindo em suas relações sociais e familiares, prejudicando o foco nas atividades laborais e trazendo
consequente prejuízo acadêmico ou laborativo, já temos elementos
suficientes para classificar um transtorno e que tem nome: NOMOFOBIA.
O Que é Nomofobia?
A Nomofobia é uma compulsão
caracterizada pelo medo irracional de permanecer isolado e desconectado
do mundo virtual. Na abstinência do celular ou tablet (internet), os
sintomas são muito semelhantes aos da síndrome de abstinência de drogas
como álcool e cigarro. Vale a pena ressaltar que a nomofobia está
geralmente relacionada com comorbidades secundarias de outros
transtornos, principalmente os transtornos de ansiedade, tais como fobia
social, síndrome do panico e transtorno obsessivo compulsivo.
Quais São os Sintomas de um Nomofóbico?
Os principais sintomas da abstinência do
celular são: angustia, vazio existencial (a vida parece não ter mais
sentido), desespero, estresse, irritabilidade, náuseas, taquicardia,
sudorese, tensão muscular, pânico, dentre outras manifestações.
A questão do uso patológico de chats e
redes sociais, é que projetamos nossas pendências e carências emocionais
como um meio de contrabalancear o que não conseguimos ter, ser ou
resolver na “vida real”. Encarar a realidade tal como se apresenta e
procurar estratégias eficazes de inserção social ,reconhecimento e
resolução de problemas existenciais, é o primeiro passo para vivermos
uma vida sem artifícios e mascaras. E’ necessário ter auto aceitação da
nossa identidade para que tenhamos uma melhor qualidade de vida.
A participação da família é de extrema
importância no tocante à educação dos filhos, bem como no estabelecer
limites quanto à utilização de jogos na internet. As crianças de hoje
estão muito mais atentas, aprendendo com muita facilidade a utilizar
todos os recursos disponíveis. Exatamente por este motivo, a família
deve dobrar a atenção, pois as crianças são mais vulneráveis e estão em
uma situação de maior risco, principalmente com relação ao vicio em
jogos e postagens de fotos na mídia.
Tempo no celular não significa vício, mas é preciso cuidado com as consequências.**
Ansiedade, perda de contato com pessoas próximas, sentir-se mais feliz
na vida virtual que na realidade, se preocupar com as curtidas e
compartilhamentos de uma foto, e deixar de aproveitar os momentos da
vida para postar uma selfie são alguns dos sinais de que você
está passando do limite. Uso abusivo do celular pode se tornar um
transtorno psicológico, chamado Nomofobia, que pode desencadear em
depressão, alertam os especialistas.
De acordo com a psicóloga do Programa de Transtornos do Impulso do
Instituto de Psiquiatria da USP (Universidade de São Paulo) Dora Goes, o
abuso do uso de celular pode se tornar um transtorno, conhecido como
nomofobia, do inglês “no mobile phobia” (medo de ficar sem o celular). O
excesso não está relacionado ao tempo em que a pessoa fica no aparelho,
mas aos prejuízos que o uso acarreta na vida.
— Muita gente usa o celular o tempo todo, mas ainda tem o controle da
situação. Quando ela coloca em risco alguma atividade que faz ao usar o
celular, quando não consegue se concentrar em outras atividades por
estar focada no que está acontecendo no aparelho, aí já pode ser um
problema.
Dora ainda explica que o transtorno é percebido quando o uso do celular
passa a ter prejuízos na vida da pessoa. Segundo uma pesquisa realizada
pelo Instituto Datafolha em 2014, 62,5 milhões de pessoas acessam a
internet pelo celular no Brasil. Ainda de acordo com o estudo, esse
número aumentou mais de 20 milhões de 2013 para 2014. O estudo mostrou
que, mesmo em casa, 52% das pessoas continuam acessando a internet pelo
celular.
O pesquisador do Instituto Delete, empresa dedicada a orientar e
informar à sociedade sobre o uso consciente das tecnologias, Eduardo
Guedes afirma que a principal causa para o abuso no uso do celular é a
ansiedade.
— Muitas pessoas usam o celular como muleta, porque se sentem sozinhas, e
veem o celular como companhia. São ansiosas, têm pânico, e o celular
faz o contato com o mundo.
Para o pesquisador, o principal problema é a substituição da vida social
pelas relações virtuais, e isso se torna um círculo vicioso, que se
agrava cada vez mais.
'Mostrar é mais importante do que o viver'
Dora acredita que as pessoas desaprenderam a viver. Para a psicóloga, muitos viraram reféns de curtidas e compartilhamentos.
— Ao invés de serem felizes, elas querem mostrar que são. O mostrar
passou a ser mais importante do que o viver ou fazer. Isso faz com que a
pessoa tenha menos prazer em viver a vida.
A especialista dá o nome de sociedade do espetáculo para este fenômeno.
Para ela, as pessoas se sentem mal com a vida que têm, e precisam
mostrar o que estão fazendo para agregar valor ao que fazem."
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